segunda-feira, 30 de novembro de 2009

UNE responde à nova tentativa do Estadão de criminalizar entidade

Sob o título "Ataques do Estadão à UNE: mais um capítulo da criminalização dos movimentos sociais", o presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), Augusto Chagas, responde às acusações feitas pelo jornal Estado de S. Paulo e comenta a real intenção da reportagem que acusa a UNE de irregularidades.

Arqivo UNE

Augusto Chagas, presidente da UNE, durante manifestação em São Paulo

Ataques do Estadão à UNE: mais um capítulo da criminalização dos movimentos sociais

A principal manchete do jornal O Estado de São Paulo deste domingo acusa: “UNE é suspeita de fraudar convênios”. Em toda a página de abertura do caderno, o jornal julga: “a UNE fraudou convênios, forjou orçamentos”. Categoriza-nos de “aliados do governo” e afirma: “a organização estudantil toma dinheiro público, mas não diz nem quanto gastou nem como gastou”.

A afirmação “UNE é suspeita” não veio de nenhum órgão de polícia ou de controle de contas públicas, é uma afirmação de autoria e responsabilidade de O Estado de São Paulo. A principal acusação é de um orçamento de uma empresa não localizada, que aparece numa previsão orçamentária. De resto, outro orçamento de uma empresa que funciona num pequeno sobrado e especulação sobre convênios que ainda não tiveram suas contas aprovadas.

O fato é que a UNE nunca contratou nenhuma das duas empresas, apenas fez orçamentos, ao contrário do que a matéria, de modo ladino, faz crer. Sobre os convênios, o jornal preferiu ignorar as dezenas de convênios públicos executados pela UNE nos últimos anos – todos absolutamente regulares. Ignora também os pedidos de prorrogação de prazos feitos aos convênios citados, procedimento usual e que não tem nada de ilícito.

A diferença no peso dado a duas notícias na capa desta mesma edição evidencia mais ainda suas opções. Com muito menor destaque, denuncia os vídeos e gravações de um escândalo de compra de parlamentares, operadas pelo próprio governador do Distrito Federal. Apenas a penúltima página do caderno trata do escândalo, imperceptível sob a propaganda de um grande anunciante do jornal. Uma pequena fotografia mostra os R$100 mil que foram anexados ao inquérito divulgado pela Polícia Federal. A matéria, em tom jornalístico, não acusa. Pelo contrário, diz que os vídeos, “de acordo com a investigação”, revelam um suposto esquema de corrupção. Talvez o jornalista não tenha assistido às gravações...

Há pelo menos 17 anos este jornal não oferecia à União Nacional dos Estudantes uma manchete desta proporção. A última acontecera no Fora Collor. A hipocrisia da sua linha editorial precisa ser repudiada. Não apenas como esforço de defender a UNE das calúnias, mas para desmascarar os seus reais objetivos.

O principal deles é a desqualificação e criminalização dos movimentos sociais. O MST enfrenta um destes momentos de ataque, seja através da CPI recriada no Congresso pelos ruralistas, seja através da sistemática campanha que procura taxá-lo como “criminoso” para a opinião pública. As Centrais Sindicais sofrem a coerção econômica do patronato, policialesca do sistema judicial, e a injúria de parte da grande mídia. A UNE, que acaba de construir o congresso mais representativo dos seus 72 anos de vida, foi tratada como governista, vendida, aparelhada e desvirtuada de seus objetivos pela maioria das grandes rádios, jornais e revistas.

A grande imprensa oscila entre atacar os movimentos sociais ou ignorá-los - como fez recentemente com a marcha de mais de 50 mil trabalhadores reunidos em Brasília reivindicando a redução da jornada de trabalho. Este jornal, por exemplo, não achou o fato importante a ponto de noticiá-lo.

As organizações populares e democráticas devem ter energia para reagir prontamente. É fundamental que o façam de maneira unificada, fortalecendo-se diante dos interesses poderosos que enfrentam. Que fique claro: o setor dominante tenta impedir as profundas transformações que estas organizações reivindicam e que são tão necessárias à emancipação do povo brasileiro e à conquista da real democracia no país.

A manchete do Estadão evidencia também a maneira como a grande mídia trata o problema da corrupção no Brasil: como instrumento de luta política por seus objetivos e com descarado cinismo. Seja pela insistente campanha para desconstruir no imaginário popular a crença na política e no Estado, ou pelas escolhas que faz ao divulgar com destaque desproporcional irregularidades que envolvem aliados ou adversários, criando ou abafando crises na opinião pública.

Na verdade, pouco fazem para enfrentar os verdadeiros problemas da apropriação privada daquilo que é público. A UNE, pelo contrário, sempre levantou a bandeira da democracia. Alguns de nossos mais valorosos dirigentes deram a vida lutando por ela. E afirmamos com veemência: a UNE trata com absoluta responsabilidade os recursos públicos que opera e os aplica para atividades de grande interesse da sociedade.

Às vésperas da primeira Conferência Nacional de Comunicação, o movimento social deve intensificar a luta pelos seus direitos. O enfrentamento à despótica posição da mídia brasileira é um dos grandes desafios que o país terá na construção da democracia que queremos.

O movimento social brasileiro vive um momento de grande unidade, que pode ser visto pela sólida relação entre as Centrais Sindicais e pelo fortalecimento da Coordenação dos Movimentos Sociais. Não à toa, a UNE foi mais uma vez atacada. “Saibam que estamos preparados para mais editoriais, artigos, comentários e tendenciosas ‘notícias’”, afirmei em artigo publicado no dia 24 de julho, apenas cinco dias após a realização do nosso 51º Congresso. Os meses que se passaram não tornaram a afirmação anacrônica. Pois que todos saibam que a UNE não transigirá um milímetro de suas convicções e disposição de luta por um Brasil desenvolvido e justo.

Por Augusto Chagas, presidente da UNE

domingo, 15 de novembro de 2009

PEC dos Jornalistas é aprovada

A PEC dos Jornalistas, proposta do deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS) que restabelece a obrigatoriedade do diploma de jornalismo, foi aprovada na manhã desta quarta-feira (11) na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados. Não foi necessária votação nominal, tendo sido feita por orientação das bancadas dos partidos, em que apenas o PSDB se posicionou contrário à admissibilidade da proposição.

A partir de agora, a PEC dos Jornalistas será remetida à análise de uma Comissão Especial, antes de ir à votação no plenário da Câmara. Ainda na tarde de hoje, o deputado Paulo Pimenta, a líder da Frente Parlamentar em defesa do diploma, Rebeca Garcia (PP-AM), e representantes da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) pretendem se reunir com o Presidente Michel Temer com a finalidade de solicitar agilidade na formação da Comissão Especial.

Para o deputado Paulo Pimenta, as tentativas de impedir a votação da PEC na Comissão de Constituição e Justiça e ações como a da Associação Nacional de Jornais (ANJ), que buscavam desqualificar as iniciativas do Congresso Nacional em favor do diploma, fracassaram devido à reação massiva da sociedade brasileira. ”O resultado favorável na CCJ é fruto dessa mobilização, que ocorreu pela internet, onde foi possível ampliar democraticamente o debate, já que os meios de comunicação tradicionais se omitiram diante da decisão do Supremo Tribunal Federal”, comemorou Pimenta a aprovação da PEC.

Autores das Propostas que restabelecem o diploma de jornalismo, Pimenta e Senador Valadares pretendem unificar texto das PECs

Após a sessão da CCJ de hoje, Pimenta esteve reunido com o senador Antônio Carlos Valadares, também autor de uma Proposta de Emenda à Constituição no Senado Federal que estabelece a exigência constitucional do diploma de jornalismo. Pimenta e Valadares informaram que pretendem unificar as redações das PECs, o que possibilitaria uma tramitação mais ágil, já que aprovadas separadamente em cada Casa Legislativa, a Proposta da Câmara não necessitaria de aprovação no Senado e vice-versa.

Manifesto no CEDETEG

O DCE da Unicentro junto com os centros acadêmicos de Agronomia e Medicina veterinária organizaram um manifesto pela pavimentação das vias que dão acesso às salas de aula de departamentos dos dois cursos.
Matéria REDE SUL: Acadêmicos dos cursos de agronomia e medicina-veterinária que estudam no campus da Unicentro no Cedeteg estão participando de uma mobilização desde às 7h30min de hoje, quarta-feira (11).

Caixão, atoleiro na entrada do Cedeteg, faixas e apitaço acompanham o movimento.

Os estudantes pedem a pavimentação asfáltica dentro do campus, na área onde está sediada o curso.

Segundo os estudantes, os prejuízos são muitos. "Nos dias de estiagem sofremos com a poeira, nos dias chuvosos o barro toma conta da estrada, sem contar os deficientes fisicos que precisam ter acesso àquela parte do campus. É uma questão de acessibilidade e de investimento na educação", diz Renan Ferreiro, vice- presidente do DCE e acadêmico do curso de agronomia. O DCE apoia movimento.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Ata da última reunião do DCE


DIRETÓRIO CENTRAL DE ESTUDANTES RENATO MANFREDINI
ATA DA REUNIÃO DE DIRETORIA

Aos dez dias do mês de novembro de dois mil e nove, às dezenove e trinta horas, nas dependências do DCE iniciou-se uma reunião para deliberações da diretoria. Estavam presentes eu, Renan Ferreiro, Pedro Augusto Ferreti, Vanessa Eidam, Alysson Mazzochin, Carlos Eduardo Bortolin, Josclei Tracz, Celso Nascimento e o Presidente, Luãn Chagas, que iniciou esta reunião dando boas vindas a todos. Como primeiro assunto da pauta o vice-presidente falou com relação à manifestação no campus CEDETEG que ocorrerá no dia onze de novembro de dois mil e nove, onde estará presente o Presidente Luãn e o Vice-Presidente Renan. A manifestação terá como função a necessidade de asfalto e estacionamento no campus, que será da seguinte forma: haverá na entrada do campus CEDETEG uma barreira de terra. Após haverá uma passeata por dentro do campus. Como próximo assunto da pauta a nova cede do DCE no campus CEDETEG. Discutimos também a periodicidade das próximas reuniões ordinárias da diretoria, ficou acordado unanimemente que serão quinzenais, sendo uma no campus CEDETEG e uma no campus Santa Cruz. Eu falei da nova lei anti-fumo do estado do Paraná e ficou acordado que a diretoria vai coibir o fumo nas dependências e na frente das sedes do DCE. E não havendo nada mais a tratar, encerrou-se a reunião às vinte horas e trinta minutos e eu, Willian Nathanael Cartelli de Paula lavrei esta ata, que aprovada é assinada por mim, pelo vice-presidente Renan Ferreiro e pelo presidente Luãn José Vaz Chagas.
LUÃN JOSE VAZ CHAGAS
PRESIDENTE

RENAN FERREIRO
VICE – PRESIDENTE

WILLIAN NATHANAEL CARTELLI DE PAULA
SECRETÁRIO

domingo, 8 de novembro de 2009

Estudantes realizam o Enade em Guarapuava

Ao todo, 1.354 estudantes, de cursos de graduação de quatro instituições de ensino superior de Guarapuava, realizam o Enade, hoje, a partir das 13 horas (horário de Brasília). As provas serão aplicadas nos colégios estaduais do município. O ensalamento pode ser conferido na página do Inep: http://enade.inep.gov.br/enadeConsulta/site/pesquisarInscrito.seam?cid=147968 (copie e cole na sua barra de navegação).

O Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) avaliará, em todo o Brasil, 15 cursos de graduação (administração, arquivologia, biblioteconomia, ciências contábeis, ciências econômicas, comunicação social, design, direito, estatística, música, psicologia, relações internacionais, secretariado executivo, teatro, turismo, estatística e relações internacionais) e sete na área tecnológica (design de moda, gastronomia, gestão de recursos humanos, gestão de turismo, gestão financeira, marketing e processos gerenciais). O objetivo da prova é avaliar a qualidade dos cursos de graduação em instituições públicas e privadas de ensino superior. No país inteiro, deve realizar a prova 1,1 milhão de alunos.

O exame este ano tem caráter obrigatório, ao contrário do que ocorria anteriormente quando a escolha dos alunos era feita por amostragem. Assim, o estudante, que for escolhido e não comparecer a avaliação, perde o direito ao diploma ao final do curso. Serão obrigados a realizar a prova todos os alunos que ingressaram este ano, com pelo menos 7% do curso concluído até 31 de agosto, e estudantes que concluam o curso em 2009.

Em Guarapuava serão avaliados acadêmicos de 14 cursos de quatro faculdades e universidades – Unicentro, Faculdades Guarapuava, Faculdade Guiracá e Faculdade Campo Real – além de alunos com situação irregular junto ao Ministério da Educação e Cultura (MEC).

A opinião dos estudantes

Alguns acadêmicos se mostram reticentes quanto à utilidade da prova. “Ao que parece, a prova não é uma coisa que realmente vai medir o desempenho dos estudantes. No nosso curso, por exemplo, usamos laboratórios de rádio, TV e foto. Como é que o Enade vai avaliar as matérias de laboratório por uma prova? Isso só deturpa como realmente é o ensino superior”, opina a estudante de Publicidade e Propaganda da Unicentro, Amanda de Oliveira.

A acadêmica de Jornalismo, Ádlia Tavares, também da Unicentro, concorda com a pouca efetividade da avaliação. “A intenção parece ser boa, avaliar os cursos universitários. Mas a proposta ainda é frágil, precisa ser reformulada. A gente vê escolas onde profissionais trabalham sem estrutura. Também existem profissionais de péssima qualidade. Fazer uma prova obrigatória não é o suficiente”, analisa.

Fonte: http://www.redesuldenoticias.com.br/noticias/noticia.asp?id=24422

Enade 2009 é domingo

Cerca de 1,1 milhão de estudantes do ensino superior participam da avaliação em 997 municípios brasileiros. Neste último período, a UNE obteve importantes conquistas nas discussões a respeito da constituição de mecanismos de avaliação e controle social das instituições universitárias do Brasil. A entidade agora luta pela implementação plena do Sinaes (Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior).

O Exame Nacional de Desempenho do Estudante (Enade) é uma prova obrigatória para estudantes ingressantes e concluintes das 16 áreas avaliadas este ano. Ele integra o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes), que tem o objetivo de avaliar o rendimento dos alunos dos cursos de graduação em relação aos conteúdos, suas habilidades e competências.

A UNE sempre defendeu que é necessário um sistema para avaliar o processo de ensino de forma mais plena, considerando os múltiplos aspectos dos cursos oferecidos. “Avaliar os estudantes é apenas um dos aspectos. É preciso um peso relativo, como a opinião dos alunos sobre o curso, a opinião da comunidade acadêmica, tem que haver o peso da interpretação sobre a infraestrutura oferecida, além de índice de qualificação dos professores”, enumera Augusto Chagas, presidente da UNE.


Na opinião dele, é preciso finalizar os ciclos de avaliação de cursos em 2010 para se obter o conjunto de todo o diagnostico a fim de se implementar Sinaes como um todo. Apesar disso, a UNE é contrária à obrigatoriedade do Enade. “Como não se trata de avaliação individual, o estudante não deve ser obrigado a fazer o exame caso não se sinta à vontade”, defende.

A novidade deste ano é que as provas serão aplicadas de maneira universal e não mais amostral, como nos anos anteriores. Isso significa que todos os alunos que começam e terminam os cursos selecionados têm participação obrigatória. Caso não participe, o estudante pode ser privado de se formar.

Ao todo, deverão participar 681.206 alunos ingressantes e 421.967 concluintes. Nesta sexta edição do exame serão avaliadas 16 áreas: agronomia (9.301 participantes); biomedicina (6.016); educação física (48.490); enfermagem (38.628); farmácia (19.090); fisioterapia (21.304); fonoaudiologia (2.585), medicina (9.879); medicina veterinária (9.027); nutrição (14.680); odontologia (9.493); serviço social (14.786); tecnologia em agroindústria (872); tecnologia em radiologia (5.019); terapia ocupacional (1.931) e zootecnia (4.318).

Para realizar a prova

Os participantes que não receberam o cartão de informação pelos Correios devem consultar seu local de prova na página eletrônica do Inep ou na coordenação de seu curso. A apresentação do cartão de informação não é imprescindível para a realização da prova. Basta o estudante ir ao local correto com documento oficial de identificação. A prova, com início previsto para às 13h, horário de Brasília, será aplicada neste domingo, 8, em 997 municípios.

Avaliações

Neste último período, a UNE obteve importantes conquistas nas discussões a respeito da constituição de mecanismos de avaliação e controle social das instituições universitárias do Brasil.

A partir da campanha do Boicote ao Enade realizada em novembro de 2008, obtivemos importantes conquistas, dentre elas, a inclusão do Enade na avaliação de cursos, o que diminui o peso da avaliação estudantil no sistema; a criação de um questionário estudantil, onde nós poderemos expressar nossa própria avaliação sobre as instituições de ensino, aumentando nosso protagonismo; a ampliação da rigidez dos critérios da avaliação das instituições de ensino superior.

A UNE agora luta pela implementação plena do Sinaes (Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior). A entidade considera necessário exigir a existência das CPAs (Comissões Próprias de Avaliação) nas universidades e um controle mais incisivo do MEC neste acompanhamentos das comissões, inclusive garantindo a participação estudantil; e o fim do ranqueamento dos resultados da avaliação.

Da Redação, com informações do Inep

sábado, 7 de novembro de 2009

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Inscrições para a Confecom-PR vão até 04/11

Estão abertas as inscrições para a I Conferência Estadual de Comunicação do Paraná, que será realizada nos dias 06, 07 e 08 de novembro no Canal da Música em Curitiba. Faça sua inscrição aqui.

Machismo na universidade: existe limite para a imbecilidade? Por Fernando Borgonovi

A Uniban pediu ao site YouTube a remoção de todas as imagens com o incidente envolvendo uma aluna que foi ao campus de São Bernardo do Campo (SP) usando roupa curta. A confusão, no dia 22 de outubro, foi filmada e postada no site no dia seguinte. Os vídeos mostram a jovem sendo hostilizada e tendo de deixar a faculdade com escolta da PM.

Com o perdão do fatalismo, acabo de ter a impressão de que os cavaleiros do apocalipse estão em marcha sobre a avenida Paulista. A irracionalidade - para não dizer a imbecilidade - coletiva atingiu seu ponto alto nesta semana, no campus ABC da Universidade Bandeirantes - Uniban, e daqui para frente tudo podemos esperar.

Vamos aos fatos. Aconteceu o seguinte: uma moça apareceu para a aula de vestido curto. Foi o seu "pecado". Bastou isso e uma horda de bárbaros passou a segui-la e ofendê-la pelos corredores daquilo que deveria ser um estabelecimento de ensino. Pasmem: a moça foi obrigada a sair do campus escoltada pela Polícia Militar, coberta por um guarda-pó (esses aventais de professor) e coberta pelos gritos da massa: "Puta", "Puta"!, urravam os imbecis.

A primeira pergunta que me faço é bem simples: e se ela fosse, qual o problema? Porque seria positivo que vivêssemos numa sociedade em que nenhuma pessoa precisasse submeter-se a este ofício, mas não vivemos e a profissão existe. Aliás, sem falsos moralismos: ainda que ela fosse, ainda que não fosse pelo dinheiro e ainda que ela gostasse da profissão, o que teriam a ver com isso os calhordas que humilharam a garota? Nada, rigorosamente nada.

Mas, ao que tudo indica, ela não era. O que traz a outra pergunta, essa mais difícil. O que se passa pela cabeça de pessoas, em sua maioria jovens, para perseguir alguém pela roupa que usa, pelo modo como se comporta, pelo que faz ou deixa de fazer? A coisa é tão reacionária que chega a assustar.

Não é só o conservadorismo próprio de um cada vez mais triste estado de São Paulo, que só faz tolher, cercear, limitar as liberdades das pessoas. É mais, é muito mais.

Também não apenas a hipocrisia abjeta que desfila por aí. Afinal, as televisões do mundo todo são invadidas diariamente por peladas e pelados de todos os matizes - coisa que não tem provocado grandes mobilizações populares ao que me consta.

O fato revelou o descompromisso com qualquer sentimento de solidariedade ao próximo e também um certo que de "superioridade", de quem se julga patrulheiro do comportamento alheio.

O que aconteceu nesse episódio foi o próprio agir de bando, o efeito manada - e aqui está, ao meu ver, o fato mais grave. A racionalidade, se ali existisse, diria para que alguém na horda parasse, respirasse e murmurasse consigo mesmo, de maneira envergonhada: "o que, raios, eu estou fazendo xingando essa moça"?

Mas o bando, como se sabe, não tem rosto, fisionomia e nem raciocínio próprios. Agiu apenas por instinto, de maneira agressiva. É este um dos maiores problemas do nosso tempo: a perda de referenciais, a desumanização das relações. Cada vez que algo assim acontece, a imbecilidade, triunfal, agradece.

Fernando Borgonovi é jornalista.